quarta-feira, 2 de março de 2011

A Bíblia do Diabo


O maior manuscrito medieval do mundo, o "Codex Gigas" ("O livro gigante"), também conhecido como a "Bíblia do Diabo", voltará a Praga para uma exposição, mais de 350 anos depois de ter sido levado pelas tropas suecas como despojo de guerra.

Criado no início do século 13, este manuscrito em pergaminho era considerado na época a "oitava maravilha do mundo", devido ao seu impressionante tamanho (92cm x 50,5cm x 22cm), à espessura de suas 624 páginas e ao seu peso de 75 kg.

"Bíblia do Diabo" foi escrita no século 13
Maior manuscrito medieval do mundo será exposto em Praga
"Cento e sessenta [peles de] asnos foram empregados na confecção do livro", conta Miroslava Hejnova, encarregada do fundo histórico da Biblioteca Nacional de Praga.

A obra nasceu das mãos de um único monge, que também era copista e grafista, no mosteiro de Podlazice (centro da atual República Tcheca), destruído durante as guerras religiosas no século 15.

A Biblioteca Real de Estocolmo aceitou emprestar a obra em caráter excepcional para uma exposição prevista para o início de 2007 na sala do "Clementinum", o antigo colégio jesuíta construído entre 1653 e 1726 no centro velho e Praga.

"Bíblia do Diabo" foi escrita por um monge
"Bíblia do Diabo" foi escrita por um monge no século 13
O manuscrito inclui o Velho e o Novo Testamento, bem como outros textos de grande valor histórico, como a "Chronica Boemorum" ("Crônica dos Tchecos"), redigida em latim no século 12, ou os escritos do historiador Flavius Josephus (por volta do ano 37-100).

Em Praga, o manuscrito, protegido por um tampo de madeira, ficará exposto com outros documentos relacionados à Idade Média.

"Bíblia do Diabo" foi escrita por um monge
Couro de asnos foi usado para compor as páginas do livro
Ao fim da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), a "Bíblia do Diabo" foi tomada como despojo de guerra pelas tropas do general sueco Konigsmark, junto com outros objetos de arte da famosa "Kunstkammer de Prague", do imperador Rodolfo 2º de Habsburgo (1552-1612).

"Levaram o que havia de mais valioso", disse Hejnova. Os soldados também levaram o "Codex Argenteus", composto de letras de ouro e prata, criado por volta do ano 750, e que atualmente se encontra em Uppsala (região central da Suécia).

Desde o século 17, o "Codex Gigas" saiu do território sueco em duas ocasiões. Foi enviado a Nova York em 1970, para uma exposição no Metropolitan Museum, e a Berlim, oito anos atrás.



Fonte: Folha Online